Periferia de Manaus no Amazonas (Divulgação) |
Mais de 33% dos moradores de Manaus vivem com menos de 1/4 do salário mínimo por mês, ou seja, com R$ 303. O dado é da 8ª edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, divulgado em junho, e que reúne dados do primeiro trimestre de 2022.
Manaus está em 8º lugar no ranking das metrópoles com a maior quantidade de pessoas vivendo nessa situação. O número, inclusive, é maior que a média nacional, que é de 25,2%.
Atualmente, o salário mínimo no Brasil é de R$ 1.212.
Na casa da doméstica Jocilene Ramos de Miranda, moradora de Manaus, residem sete pessoas. O marido e o genro dela trabalham com travessia de peixes, carga e descarga. No entanto, em parte do mês, a família sequer tem dinheiro para comprar comida.
"Tem dias que eles ganham R$ 50, tem dias que não ganham nada. Quando eles chegam tem o dinheiro. Quando não tem, a gente vai na casa de algum vizinho pra se alimentar", contou a doméstica.
Para o economista Marcus Evangelista a pandemia piorou e muito a situação das famílias manauaras, pois afetou empregos e sub-empregos.
"No momento em que a economia retrai, todos empregos e sub-empregos são afetados, e as pessoas que trabalham esporadicamente também são afetadas porque as outras pessoas deixam de ter o dinheiro na mão e deixam de fazer alguns serviços, e esses serviços são buscados, prestados, por essas pessoas com sub-empregos", explicou.
O sociólogo Francinésio Amaral afirma que o problema engloba outros fatores que muitas vezes são esquecidos pela sociedade.
"O primeiro [fator] é que nós temos um modelo, uma ideia de desenvolvimento pautada na desigualdade. Esse modelo sempre vai gerar empregos precários, poucas oportunidades de ascensão social. E num segundo momento temos na região uma política que sempre foi concentrada num mesmo grupo político que se reveza anos após anos, na governança do estado e das prefeituras dos municípios amazonenses", enfatizou.
(G1)