Movimentos sociais reivindicam do governo federal medidas para enfrentar crise hídrica

Lideranças querem mais investimentos da União na Amazônia para mitigação dos impactos ambientais.
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Voz da Terra
11 agosto 2024
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Desertificação dos rios da Amazônia no Rio Madeira (Foto: Secom RO)

Redação Voz da Terra

A seca que afeta rios e igarapés de Rondônia e Acre isola comunidades, deixando-as sem transporte fluvial e água potável. Em agosto, os níveis de água atingiram mínimas históricas, acendendo um sinal de alerta, pois o verão na região dura até dezembro. Atualmente, 18 municípios de Rondônia e 28 do Acre enfrentam um estado de calamidade pública.

Representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Movimento de Pescadores Artesanais (MPP) e Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) reuniram-se com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo. O encontro, realizado no Palácio do Planalto em Brasília, buscou discutir ações urgentes para enfrentar a crise.

Enquanto o governo federal destinou mais de R$ 70 bilhões para ajudar o Rio Grande do Sul devido a enchentes, lideranças sociais amazônicas pedem um tratamento similar para suas comunidades, incluindo ribeirinhos, pescadores, povos indígenas e quilombolas. Anderson Amaro, do MPA, pediu ao ministro "uma institucionalização da relação com os movimentos sociais, por meio da instalação de uma mesa operativa permanente", destacando a importância de não deixar a Amazônia em segundo plano e solicitou uma audiência com o presidente Lula para garantir "igualdade de tratamento com o Rio Grande do Sul."

Leila Denise, do MPA e moradora de Rondônia, participou remotamente e afirmou que, com a estiagem, os agricultores já perderam "90% de suas safras, especialmente de feijão e de mandioca." Ela propôs ao governo "um plano a médio e longo prazo" para enfrentar a crise e a redução na capacidade de abastecimento de água prevista para os próximos 16 anos.

Océlio Muniz, líder do MAB em Rondônia, sugeriu ao governo "a edição de uma Medida Provisória ampla" para atender a todos na Amazônia e mitigar os impactos severos da seca. Yuri Paulino, também do MAB, prometeu "realizar um levantamento sobre os afetados da seca nos dois estados e quantificar em números, o número de pessoas necessitadas, e o volume de recursos financeiros necessários," além de propor a distribuição de "cestas básicas, gás e equipamentos, especialmente filtros de água com nanotecnologia."

Carlos Augusto, da CONTAG, denunciou que prefeitos dos dois estados, "a maioria de direita, se recusam a declarar estado de calamidade nos municípios, ainda mais em ano eleitoral." Ele sugeriu "intervenção direta do governo federal, por meio dos Correios, Forças Armadas, Funai, Incra e Fundação Palmares" e o uso de "recursos do Fundo da Amazônia."

Wauana Manchineri e Gracinha Manchinere, da COIAB, denunciaram que "as ajudas do governo na seca do ano passado não chegavam nas aldeias." Elas afirmaram que a COIAB tem sua própria rede de organização e pode colaborar para "garantir o socorro para quem está na ponta no meio da floresta."

Após ouvir as críticas e sugestões, o ministro Macedo prometeu "pautar o governo sobre a seca de Rondônia e Acre" e afirmou que usaria as "Forças Armadas e os Correios para realizar a distribuição na região das doações, cestas básicas e equipamentos." Ele também pediu rapidez no mapeamento das áreas afetadas pela seca nos dois estados.


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