Seca extrema: comunidades querem ações para mitigar crise hídrica em Porto Velho

Lideranças cobram iniciativas e ações do poder público.
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Voz da Terra
6 agosto 2024
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Moradores querem políticas públicas ambientais (Foto: Felipe Rufino - Mab)

Redação Voz da Terra

Mais de 150 moradores de comunidades atingidas pela seca em Porto Velho (RO), se reuniram em frente à Prefeitura Municipal para protestar contra a falta de ações efetivas da gestão municipal para mitigar, ou seja, amenizar os impactos da crise hídrica na região. As comunidades de São Carlos, Cuniã, Cavalcante, Brasileira, Nova Aliança, Bom Será, São Sebastião, Terra Firme, Maravilha, Betel e Santa Rita caminharam até o prédio da prefeitura em busca de soluções e para denunciar a situação de emergência que estão enfrentando.

Durante o ato, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) protocolou uma solicitação de reunião com o prefeito Hildon Chaves para os próximos dias, além de garantir a participação de representantes das comunidades no Comitê de Crise Hídrica do município. As demandas apresentadas pelos manifestantes incluem um plano de emergência para o enfrentamento da seca, atendimento emergencial com água para as comunidades, auxílio financeiro para pescadores e trabalhadores rurais, e acesso às comunidades isoladas devido à seca do rio Madeira.

Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes expressaram sua indignação com a falta de água nas comunidades e em toda a cidade, a precariedade do abastecimento e a ausência de um plano emergencial para enfrentar a situação. Rosimara Almeida, representante da comunidade de Aliança, destacou que a falta de água tem se agravado a cada dia: “Moro na Comunidade de Aliança há 20 anos, e nunca vi uma seca tão grande. Lá só temos um poço e somos muitas famílias”, destacou.

Os atingidos também criticaram a falta de comunicação da prefeitura sobre a situação e a ausência de medidas concretas para garantir o abastecimento de água para todos os moradores. 

“Queremos saber o que a prefeitura está fazendo para resolver esse problema. Queremos participar do Comitê de Crise Hídrica, eles têm que nos ouvir. É preciso agir com urgência”, destacou Océlio Muniz, da coordenação estadual do Movimento dos(as) Atingidos(as) Por Barragens em Rondônia.

Situação 

O Rio Madeira enfrentou uma grande estiagem em outubro de 2023, quando o nível do rio chegou a 1,10 metros na região da capital Porto Velho (RO), o menor já registrado. Em 2024, porém, a situação se mostra ainda mais preocupante: em julho, a cota do rio vem cada vez mais em queda. No dia 31 de julho, o rio estava com 2,41 metros, já deixando diversas comunidades em risco de desabastecimento e isolamento. 

Os especialistas alertam, ainda, para a possibilidade de uma seca severa histórica, prejudicando principalmente as famílias do Baixo Madeira. Nessa região, em particular, vivem cerca de 5.000 famílias em diversas comunidades e 4 distritos ribeirinhos que sofrem os efeitos da estiagem prolongada.

“O Movimento dos Atingidos por Barragens vem se reunindo com as lideranças das comunidades Aliança (300 famílias); Vila do Jacu (20 famílias); Bom Será (100 famílias); Brasileira (100 famílias); Ramal do Jacu (30 famílias); Ramal da Castanheira (5 famílias); Vila do Itacuã (20 famílias); São Carlos (427 famílias); Cavalcante (135 famílias); Cuniã (90 famílias); São Sebastião (75 famílias); Teotônio (40 famílias); Betel (30 famílias), Linha 25 (20 famílias) e no agrupamento de Ressaca, Ilha Nova, Ilha de Assunção, Firmeza, Gleba Rio Preto e Terra Firme 1 e 2 (mais de 300 famílias). No último mês, realizamos reuniões com essas comunidades atingidas, para levantarmos quais demandas são necessárias como medida de mitigação para os enfrentamentos da seca extrema. Apresentamos essas demandas à Prefeitura de Porto Velho com o objetivo de articular ações rápidas de atendimento a essas comunidades junto ao poder público”, explica Océlio Muniz, integrante da coordenação do MAB.

Encaminhamentos

O prefeito de Porto Velho (RO), Hildon Chaves, se comprometeu em realizar uma reunião nos próximos 10 dias para discutir o plano de emergência e criar um grupo de trabalho com lideranças locais para atender as demandas apresentadas. Além disso, a prefeitura informou que já adquiriu água mineral para ser entregue às comunidades nos próximos dias. O Movimento seguirá acompanhando os encaminhamentos e cobrando a efetivação das medidas necessárias para o atendimento das famílias atingidas pela seca.

A mobilização em Porto Velho faz parte da Jornada de Lutas da Amazônia, que terá continuidade com novas ações previstas para o dia 5 de setembro, no Dia da Amazônia. A comunidade local se mantém unida na busca por soluções e na garantia de seus direitos, diante da grave crise hídrica que assola a região.


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