Boto morre no Amazonas e água do Rio Madeira atinge altas temperaturas

Mais de 200 botos morreram no ano passado durante estiagem.
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Voz da Terra
22 setembro 2024
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Botos mortos em 2023 no Amazonas (Foto: Miguel Monteiro - Instituto Mamirauá)

Redação Voz da Terra

Em 21 de setembro, último sábado, o Rio Madeira, em Porto Velho, RO, registrou sua temperatura mais alta de 2024, alcançando 40,8 graus Celsius. A mínima nos primeiros nove meses do ano foi de 25 graus. O pico de calor da água ocorreu entre 16h30 e 17h15, coincidente com a máxima de 40,5 graus na cidade. No dia seguinte, 22 de setembro, o nível do Madeira chegou a 35 centímetros. 

Pesquisadores do Instituto Mamirauá apontam que as águas dos rios e lagos da Amazônia apresentam um aquecimento generalizado desde 1990, com uma média de aumento de 0,6 °C por década. Durante a seca de 2023, a temperatura da água do lago Tefé no Amazonas superou os 40 °C. O século XXI já registrou estiagens extremas em anos como 2005, 2010, 2015, 2016 e mais recentemente em 2022-2023, com 2024 marcando altos índices de temperatura, seca, incêndios florestais e crise hídrica.

Na região do Lago Tefé, na quarta-feira passada, a carcaça de um filhote de boto, foi descoberta na margem do lago, exposta pelo recuo das águas. Em 2023, mais de 200 botos, espécie ameaçada de extinção, morreram na mesma área devido ao calor excessivo da água.

Miriam Marmontel, chefe do projeto de pesquisa em mamíferos aquáticos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, relatou: "Estamos encontrando vários animais mortos, com uma média de um por dia na semana passada." No entanto, ela enfatizou que, por enquanto, não há evidências que conectem as altas temperaturas às mortes. "Ainda não associamos a temperatura elevada à mortalidade, mas sim à proximidade entre humanos e animais, especialmente pescadores."

A pesquisadora disse que o ambiente lacustre se torna ainda mais restrito durante a seca, com canais reduzidos a duas metros de profundidade e cerca de 100 metros de largura. "Todos os animais estão concentrados nessa área, que também é utilizada por diversas embarcações, desde pequenas até grandes balsas."

Miriam mencionou que a temperatura da água continua a ser monitorada. "Normalmente, o lago varia entre 22 e 32 graus Celsius ao longo do ano. Recentemente, registramos temperaturas matinais de 27 graus, enquanto entre quatro e seis da tarde, os picos chegaram a 38 °C. Essa variação de 10 graus em doze horas é significativa."

Em julho deste ano, o VOZ DA TERRA alertou que pescadores e ribeirinhos na cidade de Guajará-Mirim, localizaram uma família de pirarucu mortos em áreas que eram alagadas e secaram rápido. Os animais ficaram presos no terreno encharcado. (Com AB)


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