Com a floresta em cinzas, Porto Velho é o terceiro maior produtor de gado do país

Com 1,7 milhão de bovinos, o município é o terceiro maior do Brasil, mas os custos ambientais e sociais da pecuária levantam sérias preocupações.
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Voz da Terra
26 setembro 2024
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Fazenda ao largo da BR-319, em Porto Velho (RO), faz limite com bordas de floresta e áreas recém-desmatadas (foto: Nilmar Lage/Greenpeace)


Redação Voz da Terra

Porto Velho é a terceira cidade do país com maior rebanho bovino, 1,7 milhão de cabeças, conforme a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) de 2023, do IBGE. O município fica atrás de São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS). Outros 18 municípios de Rondônia figuram entre os cem maiores rebanhos do Brasil, como Nova Mamoré e Buritis.

Rondônia, com 18,1 milhões de bovinos, apresenta o sexto maior rebanho do país, com um crescimento de 47,3% na última década. O estado é superado apenas por Mato Grosso, Pará, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul em número de bovinos. Em contraste, a produção de leite caiu 44,5% de 2018 a 2023, passando de um bilhão para 644 milhões de litros, acompanhada por uma redução no número de vacas ordenhadas.

No setor avícola, Cacoal lidera com 19,9% do rebanho de galináceos de Rondônia, que totaliza 6,2 milhões de aves. A produção de ovos em 2023 alcançou 26 milhões de dúzias, com Vilhena sendo o maior produtor. Na aquicultura, Rondônia destacou-se na produção de tambaqui, com 47 mil toneladas, representando 41,5% do total nacional, e 36 municípios entre os cem maiores produtores, sendo Ariquemes o líder.

Impactos

O crescimento do mercado bovino pode ser um dos fatores também da crise ambiental que Rondônia atravessa. A pecuária está diretamente ligada ao desmatamento da Amazônia, resultando em perda de biodiversidade e degradação do solo. As práticas intensivas de pastoreio contribuem para a emissão de gases de efeito estufa, agravando a crise climática.

A ocupação desordenada de terras para a pecuária compromete o acesso a recursos naturais, como água e alimentos, levando a um aumento da insegurança alimentar de comunidades ribeirinhas, indígenas e demais povos da floresta. As condições de trabalho nos setores agropecuários também podem ser precárias, afetando a qualidade de vida dos trabalhadores.

A criação de gado representa uma fonte importante de renda e emprego, mas a dependência de um único setor pode ser arriscada. 

O Brasil quer adiar a nova lei ambiental da União Europeia (UE), prevista para entrar em vigor em 1° de de janeiro de 2025. A nova legislação visa proibir a comercialização e importação de produtos do agro (gado, café, óleo de palma, madeira, borracha, soja e cacau) oriundos de desmatamento ocorridos após 2020. 

A medida tem o objetivo de preservar florestas, a biodiversidade e combater as mudanças climáticas. Para os países produtores, incluindo o Brasil, a imposição desconsidera “legislações nacionais e mecanismos de certificação dos países produtores em desenvolvimento, assim como os esforços no combate ao desmatamento e os compromissos assumidos em foros multilaterais”.


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