Redação Voz da Terra
Nos ciclos de construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e da extração do látex da seringueira para produção de borracha na Amazônia, muitos imigrantes chegaram em Rondônia vindos de Barbados na América Central e Haiti na América do Norte. Atravessaram oceanos em busca de oportunidade de trabalho e bem-estar. Em Rondônia, encontraram doenças, trabalho escravo, miséria e exclusão social. Nos dias atuais, muitos refugiados ainda buscam nas cidades rondonienses, esperança e o sonho de mudar de vida. Os desafios são iguais para os negros amazônidas.
Nas fronteiras do Peru e Bolívia muitos caçam refúgio no Brasil, atraídos pela promessa de dias melhores. O mesmo acontece com as pessoas negras que pagam coiotes para morar de maneira ilegal nos Estados Unidos, Europa e outros continentes.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 68% da população estadual se identifica como pretos e pardos. Apesar de representarem a maioria, essa população enfrenta desafios significativos devido à ausência de políticas públicas eficazes e à persistência de todas as formas de violência.
Crianças, jovens, mulheres e idosos encontram dificuldades no acesso a oportunidades de trabalho, onde seus direitos são respeitados, falta acesso à cidadania, saúde, segurança e habitação. À fome é um desafio. Encontra ainda resistências culturais, históricas e ancestrais. A falta de justiça racial é sem tamanho.
Violação de direitos
A violência contra a população negra na Amazônia é alarmante. Dados do Monitor da Violência revelam que, no primeiro semestre de 2020, 75% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Elas são as principais vítimas da violência doméstica, sexual e institucional.
Em Rondônia, a situação é igualmente preocupante. Estudos apontam que as mulheres negras correspondem a 74% das vítimas de assassinato no estado. Além disso, pesquisas em delegacias especializadas indicam que mulheres brancas são mais atendidas, enquanto mulheres negras, apesar de serem as mais atingidas pela violência, têm menor acesso aos serviços de acolhimento e proteção.
Especialistas destacam que o racismo institucional contribui para a perpetuação dessas desigualdades. A falta de reconhecimento do racismo como determinante social de saúde dificulta a implementação de políticas públicas eficazes. A ausência de dados desagregados por raça e cor também impede a formulação de estratégias específicas para a população negra.
No Dia da Consciência Negra, é fundamental pensar e executar políticas públicas que promovam a equidade racial e combatam a violência contra a população negra em Rondônia, Amazônia, Brasil e no mundo. Só assim, será possível fortalecer redes de proteção, que são essenciais para garantir os direitos e a dignidade dessa parcela significativa da população.