Famílias do Seringal Belmont celebram um ano de retorno à terra e cobram justiça e proteção

Famílias enfrentaram anos de assédio judicial e perseguição de milícias rurais.
Compartilhe no WhatsApp
Voz da Terra
21 janeiro 20252 minutos de leitura
0
Agricultura familiar é destaque entre as famílias (Foto: CPT)

Redação Voz da Terra

As famílias agricultoras do Seringal Belmont, em Porto Velho (RO), comemoram o primeiro ano desde que retomaram a ocupação da área. Além das conquistas na produção agrícola, seguem reivindicando a regularização fundiária e a apuração do assassinato de uma liderança ocorrido em 2024. Também pedem proteção para os que continuam ameaçados.

A história do Seringal Belmont remonta a 2014, quando as famílias ocuparam pacificamente uma área próxima ao Parque Natural e ao presídio de Porto Velho, reconhecida como Terras da União. 

Durante a pandemia, elas foram expulsas após uma ação judicial movida por uma empresa imobiliária que apresentou documentos com suspeitas de irregularidades. 

Apesar de a ordem de reintegração ter sido suspensa posteriormente, os moradores enfrentaram ataques armados e uma operação policial, sendo forçados a acampar por dois anos em condições precárias, em frente ao INCRA e ao Parque Natural.

No último ano, com a retomada da área, as famílias alcançaram a estabilidade alimentar e econômica. A produção, que inclui melancia e criação de galinhas caipiras, abastece feiras e mercados em Porto Velho. A ocupação mostra a função social da terra, fortalecendo a agricultura familiar e beneficiando a economia local.

Apesar disso, a situação jurídica permanece incerta. O reconhecimento dos direitos dessas famílias está pendente tanto no Judiciário de Rondônia quanto em instâncias nacionais. Além disso, a violência no campo segue sendo uma realidade preocupante.

Em outubro de 2024, João Teixeira de Souza, conhecido como Mineiro, foi assassinado. Testemunhas apontam suspeitas de envolvimento de policiais civis, mas até agora os responsáveis não foram identificados ou presos. 

O crime, como muitos outros conflitos agrários no estado, permanece impune. Outras lideranças continuam sob ameaça, sendo acompanhadas pelo Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

Mesmo diante dos desafios, os agricultores do Seringal Belmont seguem trabalhando e apoiando outras famílias que enfrentam dificuldades semelhantes, contando com o apoio de movimentos sociais, gestores públicos e da população. A luta pela terra continua, agora reforçada pela solidariedade e pelo exemplo de resistência.


Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, estou ciente!